quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Espaço Cultural

Guerra dos Cem Anos - 1° Parte

A expressão Guerra dos Cem Anos, surgida em meados do século XIX, identifica uma série de conflitos armados, registrados de forma intermitente, durante o século XIV e o século XV (1337-1453, de acordo com as datas convencionais), envolvendo a França e a Inglaterra.[1] A longa duração desse conflito explica-se pelo grande poderio dos ingleses de um lado e a obstinada resistência francesa do outro. Ela foi a primeira grande guerra européia que provocou profundas transformações na vida econômica, social e política da Europa Ocidental. A França foi apoiada pela Escócia, Boêmia, Castela e Papado de Avignon. A Inglaterra teve por aliados os flamengos e alemães e Portugal. A questão dinástica que desencadeou a chamada Guerra dos Cem Anos ultrapassou o caráter feudal das rivalidades político-militares da Idade Média e marcou o teor dos futuros confrontos entre as grandes monarquias européias.



Os atritos
Historiograficamente é registrada entre 1334 a 1452. As suas causas remotas prendem-se à época em que o duque da Normandia, Guilherme, o Conquistador, se apoderou da Inglaterra em 1066. Desde Guilherme, os monarcas ingleses controlavam extensos domínios senhoriais em território francês, ameaçando o processo de centralização monárquica da França que se esboçava desde o século XII. Durante os séculos XII e XIII, os soberanos franceses tentaram, com crescente sucesso, restabelecer sua autoridade sobre esses feudos.
No
século XII, o rei Henrique II da Inglaterra se casou com Leonor da Aquitânia e, segundo as tradições feudais, tornou-se vassalo do rei da França nos ducados da Aquitânia (Antiga Guiena, Guyenna ou Guyenne) e Gasconha. Desde então as relações entre os reis da Inglaterra e França foram marcadas por conflitos políticos e militares. Isso culminou na questão da soberania sobre a Gasconha. Pelo Tratado de Paris (1259), Henrique III de Inglaterra abandonara suas pretensões sobre a Normandia, Maine, Anjou, Touraine e Poitou, conservando apenas a Gasconha. Os constantes conflitos vinham pelo fato do rei inglês, que era duque da Gasconha, ressentir-se de ter de pagar pela região aos reis franceses e de os vassalos gascões frequentemente apelarem ao soberano da França contra as decisões tomadas pelas autoridades inglesas na região.
As influências francesa e inglesa em
Flandres (atual Bélgica e Países Baixos) eram também opostas, pois os condes deste território eram vassalos da França e, por outro lado, a burguesia estava ligada economicamente à Inglaterra. Além do intenso comércio estabelecido na região, Flandres era importante centro produtor de tecidos, que consumia grande parte da produzida pela Inglaterra. Essa camada urbana vinculada à produção de tecidos e ao comércio posicionava-se a favor dos interesses ingleses e portanto, contra a ingerência política francesa na região. Resolveram, flamengos e ingleses, estabelecer uma aliança, que irritou profundamente o rei da França, também interessado na região.


Retrato do monarca inglês Eduardo III.
O estopim dos conflitos se deu com o problema sucessório resultante da morte do terceiro e último filho de Filipe IV, o Belo, Carlos IV, em 1328. Entre os possíveis sucessores estavam: o rei inglês Eduardo III, da dinastia Plantageneta, neto do falecido monarca pelo lado materno, detentor dos títulos de duque de Guyenne (parte da Aquitânia, no sudoeste da França) e conde de Ponthieu (na região do canal da Mancha); e o nobre francês Filipe, conde de Valois, sobrinho de Filipe IV, o Belo, pertencente a um ramo secundário da família real. As pretensões dos dois foram examinadas por uma assembléia francesa que, apoiando-se na Lei Sálica, segundo a qual o trono não poderia ser ocupado por um sucessor vindo de linhangem materna, inclinou-se para o candidato nacional, aclamando o sobrinho, Filipe de Valois, com o título de Filipe VI. O rei inglês não discutiu a decisão, reconhecendo Filipe VI em Amiens em 1329.
O
Conde de Nevers, regente de Flandres desde 1322, prestou juramento de obediência ao seu suserano Filipe VI, decisão que poderia paralisar a economia flamenga.
Eduardo III, após a intervenção de Filipe VI em Flandres apoiando o
conde contra os amotinados flamengos, suspende as exportações de lãs. A burguesia flamenga forma um partido a favor do rei de Inglaterra incitando-o a proclamar-se rei de França. Assim Eduardo III, instigado por Jacques Artervelde - rico mercador que já havia liderado uma rebelião na cidade flamenga de Gante - e temendo perder o ducado francês de Guyenne - mantido como feudo de Filipe VI -, repudiou o juramento de Amiens e alegou a superioridade de seus títulos à sucessão.
Os franceses acusavam os ingleses de desenvolverem uma política expansionista, percebida pelos interesses na Guyenne e em Flandres. Já os ingleses insistiam em seus legítimos direitos políticos e territoriais na França. Embora tenham ocorrido crises anteriores, em geral, a data de
24 de maio de 1337 é considerada como o início da guerra: nesse dia, após uma série de discussões, Filipe VI, cônscio da grave ameaça que representava para seus domínios a existência de um ducado leal à coroa inglesa, apoderou-se de Guyenne. Eduardo respondeu imediatamente: não reconheceu mais "Filipe, que dizia ser rei da França", e ordenou o desembarque de um exército em Flandres. Iniciava-se a Guerra dos Cem Anos. A situação se deteriorou diante do auxílio francês à independência da Escócia nas guerras que Eduardo III e seu pai haviam iniciado contra os reis escoceses para ocupar o trono desse país.
Fonte wikipédia

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